"Águas-Fortes Portenhas" no jornal Público

Algumas destas Águas-Fortes" estão ao nível da melhor produção de Roberto Arlt, confirmando o risco, o rasgo, uma toada narrativa próxima da música e que tem a ver com a forma como se apropria da linguagem da rua, da gíria, dos dialectos, para fazer o retrato de preguiçosos, parasitas, pobre-diabos, malandros, namoradinhas entediadas com os namorados, sonhadores, hipócritas, coleccionadores de histórias, gente que se faz de morta, homens honrados, cuscos, vesgos e coxos, solteirões, os que procuram eternamente emprego ou os 'squenuns'.

Excerto do texto de Isabel Lucas sobre Águas-Fortes Portenhas, de Roberto Arlt, na edição de hoje do jornal Público.



Roberto Arlt no Jornal de Notícias

Um texto de Sérgio Almeida, no Jornal de Notícias de hoje, 30 de Setembro de 2020, sobre Águas-fortes Portenhas, de Roberto Arlt, o mais recente volume da Colecção Avesso.

Pouco mais de três mil caracteres bastam para que Roberto Arlt nos trace a essência destes extravagantes seres que, juntos, formavam um autêntico 'empório infernal'. Homens e mulheres de méritos incertos e falhas mais do que evidentes, para quem os pequenos ardis do quotidiano a que recorrem não são tanto uma tentativa de sobrevivência como uma razão para se manterem vivos.





Roberto Arlt no jornal i

João Oliveira Duarte escreve sobre Águas-fortes portenhas, de Roberto Arlt, na edição de domingo, 20 de Setembro, do jornal i. 

Talvez uma das características mais interessantes deste conjunto de pequenos textos de Roberto Arlt seja o grau de concentração de energia que cada uma destas figuras tem. De facto, todas elas são delineadas em breves traços, como se fossem pequenas notas – notas é o termo que Arlt preferia para estes pequenos textos – que tirava enquanto vagueava pelas ruas, como se fosse registando com o maior rigor possível as figuras excêntricas com que se deparava. Mas essa brevidade, as poucas linhas que usa para as desenhar, é talvez o que há de mais difícil de se fazer: não construir uma personagem, mas delinear, em breves traços, uma figura, que tem tanto de singular como de anónimo, que concentra em si um traço inaudito, nunca visto. Como refere Rui Manuel Amaral no posfácio: “Arlt observa, escuta, sente e escreve. Tudo começa e acaba na rua”. Não se trata, no entanto, de tornar literário as casas de má fama, toda a colecção de seres desocupados que vão comparecendo em Águas-Fortes Portenhas, sobrecarregando-os de efeitos, conferindo-lhes uma patine que lhes é estranha; pelo contrário, o objectivo declarado é trazer para o seio da literatura toda a diferença – de linguagem, de tonalidades, de seres – que Arlt vai encontrando, toda a inventividade dos dialectos que se movem nas margens, toda a maldade inscrita nas palavras e nos corpos: “arrancar palavras de todos os ângulos” contra os “senhores de colarinho bem passado, voz grossa, que esgrimem a gramática como uma lança e a erudição como um escudo contra as belezas que adornam a terra”. 

Texto completo aqui.


«Águas-fortes portenhas» em destaque no semanário «Expresso»

Escritor que desconfiava da literatura, que não queria agradar a todo o custo, Roberto Arlt pode ser definido como um cínico lírico, embora nunca muito cínico nem muito lírico. As crónicas, como as ficções, gostam de contar histórias a partir de outras histórias, mas comprometem-se com uma honestidade avessa a mistificações. 


Pedro Mexia escreve sobre Águas-fortes portenhas, de Roberto Arlt, na edição deste sábado, 19 de Setembro, do semanário Expresso (classificação: 5 estrelas).




Manuel Resende (1948-2020)

Manuel Resende, o excepcional tradutor e organizador do volume inaugural da Colecção Avesso ("Notícias em três linhas", de Félix Fénéon), deixou-nos no dia 29 de Janeiro de 2020, depois de uma vida dedicada aos amigos e aos livros.
"Notícias em três linhas", de Félix Fénéon, foi livro do ano para os críticos do jornal Público, em 2014. A melhor maneira de celebrar a vida de Manuel Resende é continuar a ler os seus livros.


Manuel Resende durante a apresentação de "Notícias em três linhas", na livraria Ler Devagar, em Lisboa, em Novembro de 2014.