Boas letras



Alphonse Allais, como marginal das boas letras, assenta como uma luva (com a medida certa) à colecção Avesso, na sequência de Félix Fénéon, primeiro volume desta colecção. Isto porque Allais nunca foi visto como «escritor» durante muitos anos, mesmo depois da morte. Foi preciso que os surrealistas franceses o «descobrissem» (Breton, Cocteau) e, depois, Umberto Eco e outras sumidades, para começar a gozar de uma certa credibilidade literária e ter entrado no Panteão das Letras. Esqueceram-se os seus contemporâneos e os historiadores da literatura, que este herói dos estudantes e dos boémios do Quartier Latin era um grande escritor que, todos os dias, ajudava a criar o futuro da grande literatura humorística e satírica francesa.


Da introdução de Filipe Guerra a 63 Histórias de Humor e 1 Poema Melancólico, de Alphonse Allais.

0 comentários:

Enviar um comentário